A
geografia é uma
ciência que tem por objetivo o estudo da superfície terrestre e a distribuição espacial de fenômenos significativos na
paisagem. Também estuda a relação recíproca entre o homem e o meio ambiente (
Geografia Humana). Para alguns a Geografia também pode ser uma prática humana de conhecer onde se vive para compreender e planejar o espaço onde se vive. Um dos temas centrais da geografia é a relação homem-natureza. A
natureza é entendida aqui como as forças que geraram ou contribuem para moldar o
espaço geográfico, isto é, a dinâmica e interações que existem entre a atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera. O homem é entendido como um organismo capaz de modificar consideravelmente as forças da natureza através da
tecnologia.
O profissional que estuda a geografia é chamado de
geógrafo.
Visão geral
Os geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como
viagens,
leituras e estudo de estatísticas. Os
mapas são seu instrumento e meio de expressão mais importante. Além de estudar
mapas, os
geógrafos os atualizam graças às suas pesquisas especializadas, aumentando assim o nosso
conhecimento geográfico.
O
homem sempre precisou e se utilizou do conhecimento geográfico. Os povos
pré-históricos tinham de encontrar cavernas para morar e reservas regulares de
água. Tinham também de morar perto de um lugar onde pudessem
caçar. Sabiam localizar os rastros dos
animais e as trilhas dos inimigos. Usavam
carvão ou
argila colorida para desenhar
mapas primitivos de sua região nas paredes das cavernas ou nas peles secas dos animais.
Hoje em dia não podemos nos satisfazer com um
conhecimento geográfico limitado à área que circunda nossas
casas. Hoje, nem mesmo basta às pessoas conhecer as
terras e os
mares próximos, como acontecia na época do
Império Romano. Para satisfazer nossas necessidades, precisamos saber um pouco da geografia da
Terra inteira.
Ontologia
Há muitas interpretações do que seria o
objeto geográfico.
Ratzel afirma que a Geografia estuda as
relações recíprocas entre sociedade e meio, entre a vida e o palco de seus acontecimentos. Filósofos que buscaram criar uma ontologia marxista como
Georg Lukács, influenciaram a construção de um modelo de análise do objecto da Geografia.
Milton Santos se debruçou sobre a construção de um modelo ontológico, explicitado na análise dialética do movimento da
totalidade para o lugar.
Uma afirmação comum é de que Há tantas geografias quanto forem os geógrafos. Apesar de as múltiplas possibilidades de orientações teórico metodológicas caminharem em direções diferentes, deve-se respeitar a caracterização da Ciência Geográfica e as formulações acerca de seu objecto.
Cabe ainda afirmar que a distinção entre
Geografia Humana e
Geografia Física se refere aos ramos da Ciência Geográfica, pois as Geograficidades não apresentam essa fragmentação, decorrente exclusivamente da construção do conhecimento sobre a realidade.
De qualquer forma a ciência deve dar conta de questionar a relação dialética do homem com a natureza, é impossível analisar o "meio natural" sem entender a relação que tem com o homem e da mesma forma é impossível analisar o "meio social" sem compreender as determinações que vem da relação que tem com a natureza. Há ainda discussões entre a Geografia técnica e a Geografia escolar, porem ambas as parte do conhecimento cientifico apurado através do questionamento da razão, ou seja, "advém" da filosofia grega.
Princípios básicos
O estudo da geografia compreende quatro linhas de investigação principais: São elas:
- a localização de acidentes geográficos, localidades e povos;
- a descrição das diversas partes do mundo e o estudo das diferenças existentes entre elas;
- a explicação da origem dos diferentes acidentes geográficos do globo terrestre;
- o estabelecimentos de relações espaciais entre os acidentes e regiões.
Localização
Uma das principais tarefas da geografia é dizer onde se situam as diferentes localidades do mundo e interpretar as vantagens e as desvantagens da localização. Assim que o homem começou a se afastar dos limites da sua casa, precisou medir as distâncias e registrar essas medidas. Começou a desenhar mapas grosseiros para mostrar as distâncias e as direções. No século XV, quando começou a grande era das explorações, mais que nunca foram necessários cartógrafos (desenhistas de mapa) para registrar as descobertas dos novos continentes e oceanos.
Os mapas não apenas mostram onde se localiza um lugar, mas também fornecem sua posição com relação a outros lugares (
Veja:
mapa).
Descrição dos lugares
Nem todas as pessoas se satisfazem em conhecer apenas a localização de um ponto da Terra, como
Paris,
São Paulo, a
África ou o
Ártico. Querem saber que tipo de ambiente a natureza oferece na região, e o que as pessoas já fizeram aí. Querem saber como os habitantes utilizaram a terra, que tipo de casas construíram, como e onde construíram estradas, como são afinal eles próprios. Querem saber em que aspectos a região se assemelha e difere de outros lugares, e o que significam essas semelhanças e diferenças. Em outros tempos, os viajantes relatavam essas informações de viva voz. Hoje, as pessoas complementam esses relatórios com dados escritos, fotos tiradas do solo ou das alturas, e com mapas preparados com equipamentos de precisão extremamente eficazes.
Mudanças na face da Terra
Quase todo mundo já viu exemplos de mudança na superfície da Terra. Algumas mudanças são feitas pelo homem, como por exemplo, a eliminação de uma favela ou a alteração do curso de um rio. Essas mudanças são em geral muito mais rápidas que as provocadas na natureza, como por exemplo a formação de uma grande garganta pela ação da erosão, que dura milhões de anos.
Muitas perguntas ocorrem aos geógrafos quando examinam as mudanças sofridas pela Terra. Querem saber como os acidentes geográficos surgiram no lugar onde estão hoje. Querem saber como o homem modificou a superfície da Terra enquanto nela viveu. Querem descobrir a face da Terra no passado, e por que as cidades se desenvolveram onde estão hoje. Os geógrafos também pretendem descobrir por que certas áreas do mundo são mais densamente povoadas que outras.
Relações espaciais
As relações espaciais interessam tanto aos geógrafos quanto aos astrônomos. Os astrônomos estudam principalmente as relações entre os planetas, as estrelas e outros corpos celestes. Os geógrafos limitam seu estudo às relações espaciais entre os pontos da Terra. Por exemplo, estudam como crescimento de uma cidade dependeu de um rio, e como a água do rio foi afetada pela cidade. Os geógrafos encaram os seres humanos em suas relações espaciais, assim como os historiadores vêem a vida humana em suas relações temporais.
Os geógrafos sempre procuraram saber como os seres humanos se relacionam com o globo terrestre. As condições naturais podem limitar as possibilidades de um homem, como no deserto, ou oferecer ótimas possibilidades de vida, como num vale fértil. As variações de tempo, as erupções vulcânicas e outras mudanças na natureza podem afetar atividades diárias das pessoas. Além disso, as próprias pessoas são fator importante das mudanças geográficas. Elas queimam florestas, escavam ou represam os leitos dos rios e provocam a erosão do solo. Os esforços para compensar os danos resultantes dessas alterações são parte importante dos movimentos de conservação da natureza.
Os geógrafos também estudam as ligações entre vários elementos. Por exemplo, podem investigar de que maneira as populações do Nordeste brasileiro dependem das chuvas, ou qual a relação entre o clima e o solo na África tropical.maick joca
História do pensamento geográfico
A história do pensamento geográfico se inicia com os
gregos, os quais foram a primeira cultura conhecida a explorar activamente a Geografia como
ciência e
filosofia, sendos os maiores contribuintes
Tales de Mileto,
Heródoto,
Eratóstenes,
Hiparco,
Aristóteles,
Estrabão e
Ptolomeu. A
cartografia feita pelos
romanos, à medida que exploravam novas terras, incluía novas técnicas. O périplo era uma delas, uma descrição dos portos e escalas que um marinheiro experimentado poderia encontrar ao longo da costa; dois exemplos que sobreviveram até hoje são o
périplo do cartaginês
Hanão o Navegador e um périplo do mar eritreu, que descreve as costas do
Mar Vermelho e do
Golfo Pérsico.
Durante a
Idade Média, Árabes como
Edrisi,
Ibn Battuta e
Ibn Khaldun aprofundaram e mantiveram os antigos conhecimentos gregos. As viagens de Marco Polo espalharam pela
Europa o interesse pela Geografia. Durante a
Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII, as grandes viagens de exploração reavivaram o desejo de bases teóricas mais sólidas e de informação mais detalhada. A Geographia Generalis de Bernardo Varenius e o mapa-mundo de
Gerardo Mercator são exemplos importantes.
Durante o século XVIII, a Geografia foi sendo discretamente reconhecida como disciplina e tornou-se parte dos currículos universitários. Ao longo dos últimos dois séculos a quantidade de conhecimento e o número de instrumentos aumentou enormemente. Há fortes laços entre a Geografia, a
Geologia e a
Botânica.
No Ocidente, durante os séculos XIX e século XX, a disciplina geográfica passou por quatro fases importantes: determinismo geográfico, geografia regional, revolução quantitativa e geografia radical.
O
determinismo geográfico defendia que as características dos povos se devem à influência do meio natural. Deterministas proeminentes foram
Carl Ritter,
Ellen Churchill Semple e
Ellsworth Huntington. Hipóteses populares como "o calor torna os habitantes dos trópicos preguiçosos" e "mudanças freqüentes na pressão barométrica tornam os habitantes das latitudes médias mais inteligentes" eram assim defendidas e fundamentadas. Os geógrafos deterministas tentaram estudar cientificamente a importância de tais influências. Nos anos 1930, esta escola de pensamento foi largamente repudiada por lhe faltarem bases sustentáveis e por ser propensa a generalizações.
O determinismo geográfico constitui um embaraço para muitos geógrafos contemporâneos e leva ao ceticismo sobre aqueles que defendem a influência do meio na cultura (como as teorias de
Jared Diamond).
Porém o determinismo foi uma teoria reducionista do pensamento do alemão
Friedrich Ratzel, que dizia que o meio influencia, mas não que determinava o homem. E muito provavelmente esta teoria tenha sido criada por políticos e militares de uma classe hegemônica-dominante-européia para justificar a exploração em suas colônias. Tanto que para os geógrafos mais esclarecidos, o possibilismo de Vidal de La Blache (teoria que vem a dizer que o homem tem a possibilidade de intervir no meio), seria na verdade uma complementação, uma continuação da teoria de Ratzel e não uma oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma simplista.
A Geografia Regional representou a reafirmação de que os aspectos próprios da Geografia eram o espaço e os lugares. Os geógrafos regionais dedicaram-se à recolha de informação descritiva sobre lugares, bem como aos métodos mais adequados para dividir a Terra em regiões. As bases filosóficas foram desenvolvidas por
Vidal de La Blache e
Richard Hartshorne. Vale à pena lembrar que enquanto Vidal vê a região como uma determinada paisagem, onde os gêneros de vida determinam a condição e a homogeneidade de uma região, Hartshorne não utilizava o termo região: para ele os espaços eram divididos em classes de área, nas quais os elementos mais homogêneos determinariam cada classe, e assim as descontinuidades destes trariam as divisões das áreas. E este ficou conhecido como método regional.
A revolução quantitativa foi a tentativa de a Geografia se redefinir como ciência, no renascer do interesse pela ciência que se seguiu ao lançamento do Sputnik. Os revolucionários quantitativos, frequentemente referidos como "cadetes espaciais", declaravam que o propósito da Geografia era o de testar as leis gerais do arranjo espacial dos fenômenos. Adotaram a filosofia do
neopositivismo ou positivismo lógico das ciências naturais e viraram-se para a Matemática - especialmente a estatística - como um modo de provar hipóteses. A revolução quantitativa fez o trabalho de campo para o desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica.
Neste caso, é bom lembrar que a geografia em seu início com Humboldt, Ratzel, Ritter, La Blache, Hartshorne e outros já se utilizava de métodos positivistas, e a mudança de paradigma que ocorreu com a matematização do espaço foi a da inclusão da informática para a quantificação dos dados, pelo método neopositivista, por volta dos anos 1950 no Brasil.
Apesar de as perpectivas positivista e pós-positivista permanecerem importantes em Geografia, a Geografia Radical surgiu como uma crítica ao positivismo. O primeiro sinal do surgimento da Geografia Radical foi a Geografia Humanista. A partir do Existencialismo e da Fenomenologia, os geógrafos humanistas (como Yi-Fu Tuan) debruçaram-se sobre o sentimento de, e da relação com, lugares. Mais influente foi a Geografia Marxista, que aplicou as teorias sociais de
Karl Marx e dos seus seguidores aos fenómenos geográficos. David Harvey e Richard Peet são bem conhecidos geógrafos marxistas. A Geografia feminista é, como o nome sugere, o uso de ideias do feminismo em contexto geográfico. A mais recente estirpe da Geografia Radical é a geografia pós-modernista, que emprega as ideias do pós-modernismo e teorias pós-estruturalistas para explorar a construção social de relações espaciais.
Quanto ao conhecimento geográfico no Brasil, não se pode deixar de observar a grande importância e influência do Geógrafo mais reconhecido do país seguido de
Aziz Ab'Saber e seu pioneirismo, não por profissão, mas por méritos,
Milton Santos. Com várias publicações, Milton Santos, tornou-se o pai da Geografia Crítica que faz análises e fenomenológicas dos fatos e incidências de casos. Isso é importante, visto que a Geografia é uma ciência global e abrangente, e somente o olhar geográfico aguçado consegue identificar determinados processos, sejam naturais ou sócio-espaciais. Vale ressaltar também os importantes estudos do professor
Jurandyr Ross, que se dedicou a mapear, de forma bastante detalhada, o relevo brasileiro além das inúmeras publicações do professor doutor
José William Vesentini que se tornaram referência no estudo da
Geografia no Brasil.
Epistemologia
A Geografia como
ciência surge sob forte influência do
Positivismo Lógico. E essa condição se expressa em grande parte nos estudos de geografia até hoje. Entretanto, a
Ciência evoluiu e transformou as suas orientações teórico-metodológicas.
Sobre a sua epistemologia, é proverbial ressaltar um problema não só da geografia, como também de todas as ciências ambientais: Os recursos metodológicos utilizados na verificação dos postulados ou estudos geográficos são oriundos aos primeiros passos do
naturalismo (
Humboldt e
Ritter).
É fácil concluir que em detrimento de diversas mudanças na temática ambiental, as
ciências ambientais não poderiam utilizar recursos verificatórios de um lapso cronológico em que a vertente ambiental não provia atenção alguma da mídia e menos ainda dos poderes políticos, que enxergavam apenas o fortalecimento de suas economias em função de uma interminável exploração e esgotamento dos recursos naturais. Então, é extremamente necessário pensar em uma nova epistemologia, não só para geografia, mas para as demais ciências auto-denominadas "ambientais".
Com o surgimento da discussão a respeito de um estatuto próprio para as
Ciências Humanas, a Geografia sente a necessidade de revisar sua
epistemologia. Os críticos do
positivismo, sob influência do
Historicismo de
Hegel e
Dilthey, afirmavam ser impossível manter a objetividade e a neutralidade do conhecimento científico. Um exemplo claro é a idéia de
Incomensurabilidade do Conhecimento, de
Thomas Kuhn, na qual afirma a impossibilidade de separar os conceitos e juízos de valor do conhecimento dito neutro.
Ainda no contexto do embate
historicismo x
positivismo surgem dois grandes nomes da Geografia:
Friedrich Ratzel e
Vidal de La Blache. O primeiro, influenciado por
Ritter e
Haeckel, notabilizou-se pelos estudos de
Geografia Política e de alguma forma ajudou a consolidar a Geografia de Estado. Já o outro, empirista, trabalhou principalmente sobre o conceito de Gênero de Vida e afastou a Geografia das relações com a
sociologia, então representada pela morfologia social de
Émile Durkheim. Essa condição é exemplificada na famosa definição:
Geografia é a ciência dos lugares e não dos Homens. La Blache e Ratzel representavam respectivamente as escolas Francesa e Alemã em uma época em que as universidades se fecharam em seus próprios países criando escolas nacionais.
Lucien Febvre, historiador francês, em seu livro
A Terra e Evolução do Homem, criou uma imagem reducionista deste conflito teórico-ideológico, através da criação dos conceitos de
escolas geográficas:
Determinismo e
Possibilismo. Essa consideração reducionista contribuiu para criar imagens errôneas sobre os dois autores, e por muito tempo Ratzel foi entendido como simples
determinista geográfico e La Blache como um simples
possibilista geográfico. Hoje essa concepção foi superada e o recorte abstrato de Febvre foi relativizado, na medida em que nenhum dos dois Geógrafos enquadrava-se completamente nas escolas a eles atribuídas.
Durante a renovação pragmática nos
EUA, surgiu uma corrente chamada Geografia Teorética, na qual os métodos quantitativos geográficos agem com métodos numéricos peculiares para (ou pelo menos é muito comum) a geografia. Por consequência à análise do
espaço, provavelmente encontrará temas como a análise de rácios, análise discriminatória, e não – paramétrica e testes estatísticos nos estudos geográficos. Um expoente dessa corrente no Brasil foi
Antonio Christofoletti, co-fundador da Revista de Geografia Teorética.
Sob a influência da
Fenomenologia de
Husserl e
Merleau-Ponty foram desenvolvidos estudos de Geografia da Percepção, que valorizam a construção subjetiva da noção de espaço perceptivo. Inter-relações com a psicologia de massas e psicanálise, entre outras áreas, garantiram uma multidisciplinalidade desses estudos na (re)construção de conceitos como horizonte geográfico, (percepção do) lugar, sociabilidade e percepção do espaço, espaço esquizóide, entre outros. Alguns textos de
Armando Corrêa da Silva fazem referência à Geografia da Percepção. Cabe também ressaltar que a influência da fenomenologia foi importante para o desenvolvimento da
Geografia Humanista.
No final da
década de 70 iniciou-se um movimento de renovação crítica da Geografia humana, marcado no Brasil pelo encontro nacional de Geógrafos em
1978 no
Ceará. Esse movimento acompanhou a inserção do marxismo como base teórica do discurso geográfico humano e assimilou um arcabouço conceitual do marxismo na construção de teorias sobre a (re)produção do espaço e a formações sócio-espaciais.
No
Brasil, um representante dessa corrente, conhecida como
Geocrítica ou
Geografia Crítica, foi
Milton Santos. O geógrafo Armando Corrêa da Silva escreveu alguns artigos sobre as possíveis limitações que uma adesão cega a essa corrente pode causar.
Na
Itália, Massimo Quaini foi o principal autor a escrever sobre a relação entre a corrente
marxista e a Ciência Geográfica.
O principal veículo de divulgação da
Renovação Crítica da Geografia humana foi a Revista Antipode, criada em agosto de 1968 nos Estados Unidos, sob a direção editorial de Richard Peet, então professor na University of British Columbia. O primeiro artigo da Revista justificava seu subtítulo – A Radical Jornal Of Geography – escrito por David Stea, "Positions, Purposes, Pragmatics: A Journal Of Radical Geography", introduzia no mundo acadêmico uma publicação que viria a ter muita importância para discussões no âmbito da ciência geográfica.
Antipode já contou a com a participação de Geógrafos como
Milton Santos e
David Harvey, que até hoje é um dos colaboradores, além de um grupo de cientistas do mundo todo:
EUA,
Canadá,
Japão,
Índia,
Inglaterra,
Espanha,
África do Sul,
Holanda,
Suíça,
Quênia, coordenados sob a editoração de Noel Castree da Universidade de Manchester (Inglaterra) e Melissa Wright da Universidade da Pensilvânia (EUA).
Geógrafo e Professor de Geografia
No Brasil, o Geógrafo é o profissional que fez o Bacharelado em Geografia, legalmente habilitado através da Lei 6664/79, no qual remete-se ao registro no
CREA- Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura- de seu estado.
A diferenciação profissional entre um Geógrafo e um Professor de Geografia é que o Geógrafo possui habilitação para emissão de pareceres técnicos, desde que regularmente associado ao
CREA, assim como para a elaboração de EIA/RIMA, podendo também prestar concursos públicos para quadros estatais que precisem de bacharelados.
Já o professor de Geografia é o profissional que tem titulação de Licenciado em Geografia, podendo exercer legalmente apenas as funções de docência, do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental (antigas 5ª a 8ª série), e todo o Ensino Médio de uma mesma escola.
Para lecionar no Ensino Superior, tanto o licenciado quanto o bacharel, o requisito é um curso de
mestrado, não necessariamente na Geografia, mas também nas áreas afins. A obrigatoriedade fica por conta de cada edital de concurso ou da política interna das universidades.
Historicamente, o geógrafo vem perdendo colocação no mercado de trabalho para o Engenheiro Ambiental e
geólogo, devido à visão segmentada do conhecimento que o mercado exigiu nos últimos anos, pois o geógrafo não se compatibiliza com análises segmentadas e sim é capacitado para lidar com a visão de totalidade que envolve as análises das dinâmicas sócio-espaciais, seu principal objeto de estudo.
Apesar de nos últimos anos o próprio modo capitalista de produção ter contribuído para a segmentação do conhecimento, há uma tendência no mercado de trabalho onde é importante ter a capacitação de analisar a totalidade dos fenômenos de maneira interdisciplinar. Dessa forma o Geógrafo acaba sendo um importante profissional cada vez mais designado para coordenar equipes multidisciplinares devido a sua formação abrangente.
Contudo, os Geógrafos vem nesta última década, ganhando considerável espaço no mercado de trabalho no Brasil e no mundo, em função principalmente de novas tecnologias, que estão sendo aliadas para a conversão e produção de trabalhos em meio digital.
Frente ao Mercado de trabalho Atual no Brasil, alguns profissionais compartilham informações em comum, são estes os : Geógrafos, Engenheiros Agrimensores, Engenheiros Cartógrafos, principalmente.